Era manhã de primeiro de maio de 1994, sonhei com Ayrton Senna.
Eu estava no autódromo berrando para que ele não corresse, mas ele foi e sumiu entre a neblina, tão densa e com pequenas aberturas que pareciam nuvens.
Levantei rápido da cama e vi meu pai na frente da tv assistindo a corrida.
– Pai, pai, o Senna não tá correndo, né?
– Tava, acabou de acontecer um acidente.
Eu olhava a tv incrédula e perguntei:
– Será que se machucou muito?
E meu pai disse:
– Pelo que eu conheço dos cursos da WEG (empresa em que meu pai trabalhava) ele está morto, olha a posição dos pés.
Naquele dia aprendi esta lição: pés abertos, caídos, sem a posição normal de quando estamos deitados significa que a pessoa está muito mal ou morta.
Minha mãe já orava, incrédula, para que o pior não estivesse acontecendo.
Horas mais tarde, quando eu já estava na casa da minha avó materna, o jornalista Roberto Cabrini oficializou o que nas palavras dele mesmo, ninguém queria dizer:
Ayrton Senna estava morto.
Se seguiu a comoção mundial que no auge dos meus 13 eu jamais havia visto. O esquecimento? Nunca houve esquecimento, Senna nunca foi esquecido.
Ayrton Senna parecia da família, além de um tio extremamente semelhante na época (com o boné do Nacional pareciam sósias), os dentes (eu sempre olhando os dentes das pessoas desde criança) eram no formato dos meus, ou melhor, são. E ele era corinthiano. E ele era canhoto. Era uma estranha e talvez comum coincidência que me aproximava dele.
Na época, as demonstrações de carinho se converteram em suvenires, dos quais ainda guardo vários, desde a camiseta até o porta-moedas:
Estes dias eu sonhei com este Ayrton tão próximo novamente. Conversávamos sentados em uma mesa de uma festa bastante simples e movimentada e que não faço ideia de onde possa ter sido. Ele sorria e eu só ficava repetindo como podia estar acontecendo aquilo depois de tanto tempo…ele parecia tão próximo, tão “tocável”, e feliz, ele estava feliz.
Acho que todo brasileiro o considerava próximo, um documentário exibido pela Rede Globo de Televisão relatou: Senna era a cara do Brasil que dava certo.
Senna é: breve mas infinito, eternamente jovem em sonhos, ideais, persistência, conquistas. Sua passagem só poderia ter sido assim, em alta velocidade, em apenas 34 anos. Ele era e é, além do maior piloto de todos os tempos, um exemplo para ser seguido por todos nós.
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Atualização de 2018:
Em 2018 visitei o Museu de Cera Dreamland, em Foz do Iguaçu, PR, com uma escultura de Ayrton Senna.
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Atualização de 2020:
Aqui registro a emoção do dia 12 de novembro conforme postei no Instagram:
Hoje levantei e ao escolher a roupa vesti aleatoriamente uma camisa do #Corinthians com assinatura especial.
Se não existe acaso, então alguma luz me levava, da forma que é possível, ao mais ilustre corinthiano de todos os tempos: Ayrton Senna.
Aquele canhoto que vencia no braço e que me inspirou no #amor ao #volante.
Naqueles tempos, #AyrtonSenna era o #símbolo da #persistência, da #vitória, da #honestidade e do #patriotismo.
O respeito pelo #Brasil e a honra com que carregava nossa bandeira 🇧🇷 nos enchiam de #alegria e #esperança.
Anos 1990, muito difíceis economicamente e os domingos de corrida eram um oásis em nossas vidas.
Agradeço, visivelmente emocionada, a @nissanbrasil, @nissanbarigui.jaraguadosul, @stpdobrasil por realizar este sonho meu!
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Atualização de 2021:
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Em virtude da pandemia, a 16ª edição da #AyrtonSenna Racing Day passou a ser Virtual, ou seja, você poderia correr em qualquer lugar, marcar sua quilometragem e lançar no site da 99 Run Corridas Virtuais validando sua participação.
Eu não teria a oportunidade de realizar este sonho, pois as provas normalmente são realizadas em Interlagos, mas chegou a minha vez porque “um dia você chega lá, de alguma maneira você chega lá…”
Emoção e gratidão em cada gota de suor que me fez levantar este troféu!
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Muito obrigada!
Foi um dia muito triste para milhares no mundo inteiro. E sim, foi e sempre será um exemplo
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